terça-feira, abril 26, 2011

Estava de mudança (Lc 24.13-35)



Sim, estava a caminho de Emaús. Queria sim distância de tudo aquilo. Não queria mais ouvir, pensar em nada daquilo. O “aquilo” ou “daquilo” é aquela área que você e eu queremos desistir, abandonar. Pensa aí, talvez a área ministerial, ou talvez a profissional, aquela pessoa por quem você tem tanto clamado ou aquela batalha com contra um pecado que tenazmente te assedia. Bem, eu tinha uma área ou algumas áreas como essa.
Enfim, só sei dizer que não queria mais. Queria ir para Emaús.
Mas não foi assim de repente que decidi mudar de ares. Inicialmente eu acreditei, cri, tive fé. Mas o que adiantou?! Aconteceu o que aconteceu. Acreditei, lutei, e me frustrei. “Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam. (Lc 24.21)”
Foi um duro golpe, vi minha esperança morrer, vi a Palavra perder todo o sentido. O pior foi viver o sábado. Estava como os discípulos após a crucificação de Cristo, num sábado de perplexidade, de dúvidas, remoendo os fatos. Queria entender o que tinha acontecido. Onde errei? Será que eu entendi tudo errado?
Enfim, decidi ir para Emaús. Emaús, lugar de descanso, de paz, e tranqüilidade, longe de tudo aquilo. Longe também da promessa de Deus., mas eu não entendia.
“... é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam.” (Lc 24.21)
Até tentei esperar, ficar em Jerusalém. Como os discípulos de Emaús, tentei esperar. Mas nada aconteceu. Não aconteceu como eu esperava do jeito que planejei. Eles esperaram 3 dias, eu esperei talvez um mês, um ano, mas não da forma correta. Esqueci que o esperar é confiar, não é simplesmente aguardar sem expectativa, contando o tempo e os segundos. Esqueci que esperar é deixar nas mãos Dele e aguardar o tempo Dele.
Enfim, decidi ir para Emaús, decidi abandonar tudo.
Os meus olhos estavam como impedidos de reconhecer, de crer, de compreender. (Lc 24.16). O mais engraçado é que eu ainda ouvi alguns dizendo, ou melhor, afirmando, que a esperança estava viva (lc24. 22-24). Como assim? Será que eles não vêem o que eu vejo? Como eles podem ter fé diante de uma situação dessas? Afirmam que esse ano será o ano do vinho novo, de um tempo de alegria, de regozijo, de viver o sobrenatural de Deus. Como assim? Talvez para eles, mas para mim não. Talvez em Emaús, quem sabe?!?!
Esqueci que a fé em nada tem a ver com circunstâncias favoráveis e que o meu Deus é Mestre em resolver o impossível. Xii... Esqueci por completo que Ele traz vida ao que está morto, que é capaz de soprar vida a um exército de ossos secos. Esqueci.
Mas eu estava decidida a ir para Emaús e já estava a caminho. Mas glória a Deus que o próprio Jesus se aproximou de mim (Lc 24.15). Quis saber o que estava se passando, o porquê do meu abatimento, da minha tristeza, porque eu estava de mudança para Emáus. Ufa, que bom que Ele não desiste. Como diz aquele louvor “acreditou em mim, acreditou em mim”. Ele me expôs Sua Palavra, me relembrando suas promessas, avivando a certeza de Seu propósito na minha vida (Lc24.25-27).
Enquanto Ele falava, revelava o que estava oculto aos meus olhos, o meu coração queimava, ardia. E como ficar passível, inerte frente a um toque desses? Tive que agir, por isso aqui estou, em Jerusalém novamente.
Estou aguardando, mas agora com uma atitude diferente, aprendendo como manter o meu coração ardente, pois será essa certeza que me sustentará nos dias comuns, nos dias sem cor ou nos dias de escuridão total. Será essa certeza que me fará andar sobre as águas diante da tempestade. Será essa certeza que ajustará o foco da minha visão Nele, no Autor e Consumador da minha fé.

Em algum momento já estivemos como os discípulos a caminho de Emaús, decididos a abandonar algo, decididos a partir para um lugar de descanso, um lugar onde não teríamos que nos estressar, não teríamos que nos envolver ou ter responsabilidades, mas também um lugar onde os dons e talentos dados por Deus seriam enterrados.

Uma das coisas que me chama atenção nessa passagem é o fato de eles quererem fugir do que tinha acontecido em Jerusalém, mas aquele fato a todo tempo os acompanhava. A esperança que Cristo era o Salvador, o Messias, o acompanhava. Eles iam se afastando de Jerusalém, do fato mais importante que tinha acontecido na Terra, mas iam falando pelo caminho, falando do que havia acontecido, remoendo os fatos e buscando uma explicação racional. Mas glória a Deus que assim como foi com eles, Jesus não quer que fiquemos fora do que Ele preparou para nós, do que Ele tem nos reservado. Assim como o lugar deles não era em Emaús, mas sim em Jerusalém, o meu e o seu também. Não desista do que o Senhor te deu, seja lá o que for ou quão difícil/impossível pareça ser. Permaneça em Jerusalém até que do alto você seja revestido(a) de poder.
Bem, se você ainda está em Emaús faça como os discípulos. Se exponha a Palavra, permita que a Escritura seja revelada a você e assim que os seus olhos forem descortinados, levante-se e volte para Jerusalém (Lc 24.33). Se você já está em Jerusalém, conte o que te aconteceu no caminho (Lc24.35) pois com certeza você conhece alguns que estão preparando as malas para partirem para Emaús.

by Ana Paula Lopes

Um comentário:

  1. Minha força está em alegrar Teu coração
    A esperança só morrerá, se eu decidir não mais lutar... Volta minh'alma para Jerusalém

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